segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Proteína ligada ao Alzheimer pode viajar para o cérebro

Cientistas alemães descobriram que tecidos de fora do cérebro, contendo a proteína beta-amilóide, podem viajar pelo corpo e "infectar" o cérebro.
Os depósitos de proteínas patológicas - com dobramentos anormais - têm sido fortemente ligados à gênese da doença neurodegenerativa denominada doença de Alzheimer.
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, que começa em idade avançada e cujos sintomas pioram gradualmente. Ela é incurável e os cientistas ainda estão largamente no escuro sobre o que causa o distúrbio.
Na maioria das vezes, a doença de Alzheimer é diagnosticada em pessoas com mais de 65 anos de idade, embora mais raramente possa haver um início precoce.
Há mais de 27 milhões de portadores de doença de Alzheimer no mundo e estima-se que ela irá afetar uma em cada 85 pessoas no mundo até 2050.
Proteína Abeta
Neste último estudo, publicado na revista Science, cientistas da Universidade de Tübingen e do Centro Alemão para Doenças Neurodegenerativas injetaram tecido cerebral contendo amilóide, retirado de ratos mais velhos, no abdome de ratos mais jovens.
Vários meses após as injeções, os animais mais jovens apresentaram evidências da proteína amilóide no cérebro.
A doença de Alzheimer, e uma desordem vascular cerebral chamada Angiopatia Beta-amilóide Cerebral, são caracterizadas pelo acúmulo de um fragmento de proteína conhecido como Abeta.
Na doença de Alzheimer, a Abeta com problema de dobramento é depositada principalmente nas chamadas placas amilóides, enquanto na Angiopatia Beta-amilóide Cerebral a proteína Abeta gruda nas paredes dos vasos sanguíneos, interferindo com a sua função e, em alguns casos, fazendo com que se rompam, causando hemorragia intra-cerebral.
Suspeitas
"A constatação de que existem mecanismos que permitem o transporte de agregados Abeta da periferia para o cérebro levanta a questão de se a agregação e a propagação de proteínas, que também podem estar envolvidas em outras doenças cerebrais degenerativas, podem ser induzidas por agentes originários da periferia," comentou o professor Mathias Jucker, coordenador da pesquisa.
Ele e seus colegas também sugerem que a proteína amilóide pode ter qualidades do príon. Os príons são feitos principalmente de proteína e podem ser transmitidos para desencadear doenças do cérebro, como a doença de Creutzfeldt-Jakob, o chamado mal da vaca louca.
No entanto, eles disseram que "apesar desta observação notável e das aparentes semelhanças entre o mecanismo da doença de Alzheimer e das doenças de príon, não há evidências de que a doença de Alzheimer ou a Angiopatia Amilóide Cerebral sejam transmitidas entre mamíferos ou seres humanos da mesma forma que as doenças de príon."
Por outro lado, os cientistas acrescentam que os resultados fornecem novas pistas sobre os mecanismos patogênicos subjacentes à doença de Alzheimer, acrescentando que uma investigação mais aprofundada provavelmente levará a novas estratégias de prevenção e tratamento.

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